sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Uma grande aventura

Há um ano atrás vivi uma verdadeira aventura, poderia mesmo dizer mesmo que foi uma daquelas aventuras de vida ou morte. Apenas porque tenho uma estranha vontade de me meter em ondas que me dão uma adrenalina intoxicante. Estas ondas deixam-me demasiado ansioso para apenas ficar a vê-las passar.

A entrada...

Tinha passado pela pipas no dia anterior, e sozinho, fiquei durante quase uma hora a olhar para o Mar a roer-me e a contorcer-me por não entrar. Estava bem maior e mais agreste de entrar e surfar. 

Pensei em todos os factores, o tamanho das ondas (que visto de cima normalmente engana), as poucas horas de luz do dia, e acima de tudo a falta de companhia... porque se alguma coisa corre para mal, não havia ninguém para me ajudar ou para avisar quem quer que fosse para me enviar ajuda.... Sim ajuda, quando a coisa aperta todos querem ter uma ajudinha. 


A remada...

Neste dia o mar estava mais pequeno, tinha mais tempo de luz, mas acima de tudo tinha uma companhia, uma boa companhia, o Barata.
Foi graças a ele que entrei e remei com toda a força na guelra com a motivação e crença que nada poderia correr mal. Tenho a certeza que o espírito e energia das pessoas com quem partilhamos certos momentos são imperativamente determinantes para o sucesso das mesmas!
Foi com essa gana e "sem medo de ninguém" que remei por ali fora em busca de mais umas descargas da droga que nos diz: estás vivo.

A onda...

Nada correu mal, e de regresso tinha a sensação que nada de agreste iria acontecer. Se tivesse que acontecer, já teria que ter acontecido.

Vinha com uma sensação de vitória: Orlando-2, Pipas-0

A saída...

Na realidade a surfada correu bem, muito bem mesmo. Sempre na calma, para não falhar o pé no sitio, e a coisa correu bastante bem.

Esperei calmo na saída pelo sinal de "caminho livre", e assim que o Barata deu o toque, ala pra' dentro que se faz tarde. 

Subi os calhaus, e quando estava (pensava eu) seguro, o Barata manda um grito de aviso e quando olhei para o Mar, não pude acreditar... a minha tara de estar no pior lugar no pior momento voltava a acontecer.

A cascata...

Uma vaga entrou mesmo de frente e bateu com toda a força nas pedras da pequena praia de lava,  levantando uma gigante parede de água branca, apenas poucos metros à minha frente. Se fiquei paralisado com o choque foi apenas por milésimos de segundo (que na minha memória são ainda hoje breves minutos), porque não podia esperar para ver o que iria acontecer. E fiz o que mais tenho feito desde à vários anos para cá... agarrei-me ao calhau. Coloquei a prancha à volta do meu amigo calhau e abracei-o. Parece estranho e um pouco de louco, mas abracei a ilha e a vida naqueles longos segundos que se seguiram... foi como estar por baixo de uma grande queda de água, de uma cascata. Talvez uma cascata um pouco maior do que a cascata da Fajã, mas a sensação, para quem já experimentou é a mesma... ao cubo!

 

O abraço...

Foi um susto (e que grande susto), mas nada de grave me aconteceu (adrenalina grátis). Apesar de estar sempre em situações por vezes consideradas agrestes, como levar com sets na cabeça ou mandar drops atrasados, posso considerar-me um sortudo. Passo pelo susto e pela adrenalina provocada por estas situações sem,  até ao momento, ter sofrido consequências graves.

Quando cheguei acima da falésia além do meu grande e amarelo sorriso (ainda um bocado sem perceber o que se tinha passado) lá estava o Barata com um sorriso ainda maior e mais amarelo que o meu. Penso que só ele poderá explicar melhor o que se passou e a incrível sorte e fezada que tive. Graças a ti Barata apenas estalei uma unha, a unha da sorte.

Obrigado Barata, não apenas pelas fotos mas pela companhia e pelo resto da vida!

Grande Abraço.

Easy Star All Stars - The Dub Side of the Moon

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GregNoll